quinta-feira, 27 de novembro de 2008

COMUNIDADE E FALA

Linguagem e sociedade estão ligadas entre si de modo inquestionável. Mais do que isso, pode-se afirmar que essa relação é a base da constituição do ser humano. A história da humanidade é a história de seus organizadores em sociedade e detentores de um sistema de comunicação oral, ou seja, de uma língua.
Qualquer língua, falada por qualquer comunidade, exibe sempre variação. Mesmo que nenhuma língua se apresenta como entidade homogênea. Isso significa dizer que qualquer língua é representada por um conjunto de variedades. Concretamente o que é chamado de “língua portuguesa” engloba os diferentes modos de falar utilizados pelo conjunto de seus falares do Brasil, em Portugal, em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Timor etc.
Língua e variação são inseparáveis. A diversidade da língua não deve ser encarada como um problema, mas como uma qualidade constitutiva do fenômeno lingüístico. Os falantes adquirem as variedades lingüísticas próprias da sua região, de sua classe social, etc. De uma perspectiva geral, podemos descrever as variedades lingüísticas a partir de dois parâmetros básicos: a variação geográfica e variação social.
A variação geográfica está relacionada às diferenças lingüísticas no espaço físico, observáveis entre falantes de origens geográficas distintas. Exemplos: o uso de vogais abertas [mE’ladu] (no Nordeste) e uso de vogais fechadas [me’ladu] (no Sudeste); preferência pela posposição verbal na negação, como em “sei não” (no Nordeste) e “não sei” ou “não sei, não” (no Sudeste); uso do artigo definido antes de nomes próprios , como em “falei com a Joana” (Sudeste) e “falei com Joana” (Nordeste).
Tomando-se a comunidade de fala da língua portuguesa como um todo, podemo-nos referir às variedades brasileiras, portuguesa, baiana, curitibana, rural paulista (ou caipira) etc.
A variação social, por sua vez, relaciona-se a um conjunto de fatores que têm a ver com a identidade dos falantes e também com a organização sociocultural da comunidade de fala. Aprende-se a falar na convivência. Mas, mais do que isso, a usar a fala de um certo modo e quando devemos usar de outro. Os indivíduos que integram uma comunidade precisam saber quando devem mudar de uma variedade para outra.
Os parâmetros da variação lingüística são diversos, como se pode inferir da exposição feita até aqui. Assim no ato de interagir verbalmente, um falante utilizará a variedade lingüística relativa a sua região de origem, classe social, idade, escolaridade, sexo, profissão etc. e segundo a situação em que se encontrar.

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